quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Bach - Missa em Si Menor

Começo hoje a completar aos pouco uma análise mais completa à minha Lista de 100 Obras que vos propus há algum tempo. E começo por ordem com a primeira nessa lista que não possui ainda um texto que vos possa ajudar a compreender a obra: A Missa em si menor de Bach.

Esta obra (BWV 232) foi uma das ultimas completadas pelo compositor (1749) embora como era frequente na época a obra inclua partes de outras composições a mais antiga das quais datando de 1724. Aliás em boa verdade pode discutir-se se Bach realmente pensava que esta missa fosse interpretada como um todo ou se antes esta não seria uma compilação daquilo que Bach pensava ser o exponente máximo da sua arte.

Na verdade esta missa nunca foi interpretada durante a vida de Bach sendo-o apenas em 1859 mais de um século depois da morte do compositor. Mistério será também a razão que terá levado Bach, um Luterano convicto a escrever uma missa apostólica romana.

Musicalmente Bach consegue no entanto apesar de unir peças de proveniência muito diferente uma unidade notável, quanto mais não seja uma unidade proveniente do génio presente em toda a obra que está dividida em quatro partes (por sua vez divididas em vários andamentos):

I. Kyrie: Esta parte da obra foi composta em 1733 e oferecida ao eleitor da Saxónia e futuro rei da Polónia com a esperança de um lugar enquanto compositor da corte que viria a ser obtido três anos mais tarde. Musicalmente podemos apreciar as verdadeiras explosões de alegria da Gloria ou a elegância de alguns duetos do Kyrie I. Propomos que oiçam o primeiro dos Kyrie uma peça notável pela sua profundidade emotiva.
II. Credo : Nesta parte é particularmente evidente a preocupação de Bach pela simetria com o andamento Crucifixus no centro dos 9. É uma parte composta por elementos de épocas diferentes sendo por essa razão a mais heterógenea das quatro. Propomos o Credo para que se deixem fascinar pela densidade espiritual do inicio e pela explosão de alegria que se lhe segue para depois sermos mergulhados num lindíssimo dueto que no mínimo nos deixa prontos para introspecção.
III. Sanctus: O mais antigo dos elementos constituintes desta missa composto a partir de uma obra de 1724 entretanto perdida que podem ouvir aqui.
IV. Ossana, Benedictus e Agnus Dei : Proponho-vos aqui que oiçam o Agnus Dei que é verdadeiramente pungente (pelo menos eu acho). A propósito comparem com esta outra interpretação de Philippe Jarousky e depois digam-me qual preferem.

Podem ouvir esta missa na sua totalidade no You Tube nestes dois videos: Parte 1 e Parte 2.

A interpretação que utilizamos nos exemplos com que ilustramos a obra é de John Eliot Gardiner que dirige a English Baroque Soloists e o Coro Montverdi. São solistas: Nancy Argenta (soprano), Mary Nichols (mezzo-soprano) Ashley Stafford (alto) Wynford Evans (tenor) com a excepção do Sanctus em que utilizamos uma gravação de 1969 de Richter - estilo largamente contrastante como poderão ouvir pela dimensão da Orquestra e do coro. Pessoalmente prefiro a primeira que podem adquirir facilmente na Amazon tanto novo como usado (por £10) ou ainda por £11 em formato digital.

3 comentários:

  1. Começou pelo topo?
    Talvez porque considera que todas estão ao mesmo nível, pois a tendência é mesmo ir da base e fazer suspense com o que sairá em primeiro lugar.
    Não sabia que esta missa era uma junção de épocas tão diferentes, sei que fico sempre amarrado a este Agnus Dei.

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  2. Bem Geocrusoe sendo eu engenheiro de formação de base embora tendo renegado essa profissão ficou-me o método: Começo normalmente por uma das pontas do problema ;-) neste caso o inicio da lista que é aproximadamente (muito aproximadamente) cronológica. A febre da engenharia ainda não chegou para a ordenar. A lista está toda publicada já, não sei se reparou. Só estou mesmo a criar "fichas" individuais para as composições dessa lista que ainda não as possuiam.

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  3. Estou lendo,ouvindo e aprendendo,parabens

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